Inflação 2023: o que é e porque é que está a subir?

Susana Pedro Editor: Susana Pedro

A inflação 2023 continua a preocupar famílias e empresas. Sabe o que significa este conceito e o que está por trás desta subida de preços.

Depois de um disparo nos preços no ano passado, em sequência da pandemia e com a guerra na Ucrânia, a inflação está finalmente a começar a baixar. Um cenário que leva muitos a perguntar: o que é exatamente a inflação? Quais são as consequências desta escalada de preços? E o que justifica a subida e descida? Descobre tudo sobre este conceito, como te afeta e como te podes proteger.

O que é a inflação?

Os preços dos bens e serviços estão em permanente atualização. É normal, numa economia de mercado, em que a procura e oferta estão em constante diálogo. Um dia, uma dúzia de ovos custa “x” e no dia a seguir esse preço já é diferente.

O mesmo acontece com os combustíveis, automóveis, artigos de tecnologia, empréstimos e muitos outros bens essenciais. Isto por si só, não significa que exista inflação nem é motivo de preocupação.

No entanto, se o preço de muitos bens ou serviços aumentar ao longo de um período longo, como um ano, diz-se que a economia está inflacionada. É o que aconteceu com a inflação em 2022. Numa situação como esta, o valor do dinheiro desce, ou seja, com um euro compra-se menos do que anteriormente, e o poder de compra dos consumidores diminui.

Em Portugal e no resto da zona Euro, a inflação esteve em máximos históricos. Em março de 2023, o nosso país registou uma inflação de 5,3%, o valor mais elevado desde 1994. A nível europeu a inflação foi a mais alta de sempre, cerca de 7,5%. Apesar de hoje estarem em tendência decrescente, embora lenta, estes números continuam preocupar consumidores e empresas, pois tiveram impacto no dia-a-dia de milhares de portugueses.

Como é calculada a inflação 2023?

Para compreenderes o significado da inflação, é importante saberes como é calculada. Todos os meses, os observadores do Eurostat recolhem os preços de aproximadamente 700 bens e serviços em Portugal. Este levantamento inclui artigos do dia a dia, como produtos alimentares, bens duradouros como computadores pessoais e máquinas de lavar roupa, e serviços, como cabeleireiros, seguros e renda de casa.

Para cada produto, são analisados vários preços em diferentes estabelecimentos comerciais e regiões. Por exemplo, os preços dos livros têm em conta os diversos géneros de livros (ficção, não ficção, referência, etc.) vendidos em livrarias, supermercados e através da Internet.

Depois, é calculado o preço médio de todos estes produtos (o chamado “cabaz” médio) de acordo com o seu peso no orçamento familiar. Os preços dos produtos em que se gasta mais, tais como a eletricidade, têm mais peso (isto é, uma ponderação maior) do que os dos produtos em que se gasta menos, por exemplo, açúcar ou selos de correio.

Por fim, é determinada a variação dos preços face ao mesmo período do ano anterior, o período homólogo. Por exemplo, os preços de março de 2023 são comparados com os de março de 2022, a partir daqui obtém-se uma percentagem. Se a percentagem for positiva, ocorreu um aumento de preços, ou inflação. Se for negativa, estamos perante uma descida de preços, ou deflação.

Na zona euro, esta comparação toma o nome de “Índice Harmonizado de Preços no Consumidor”, muitas vezes simplesmente designado “IHPC”. O termo “harmonizado” advém do facto de todos os países da União Europeia seguirem a mesma metodologia, o que assegura que os dados relativos a um país podem ser comparados com os dados referentes a outro.

O que causou a inflação 2022 e 2023?

Regra geral, num contexto de crise económica os preços tendem a descer. As famílias consumem menos, o que causa uma diminuição na procura e uma redução dos preços. Por outro lado, quando a economia se encontra em expansão, os preços aumentam. Neste contexto, as famílias tendem a consumir mais, o que aumenta a procura pelos diversos bens e serviços, e o seu preço.

No entanto, existem muitos outros fatores que são determinantes para a atual inflação. A inflação também ocorre quando os preços sobem devido a aumentos nos custos de produção, como matérias-primas. Estes custos adicionais são passados ​​aos consumidores na forma de preços mais altos. É o que aconteceu devido à guerra na Ucrânia e à escalada de preços de cereais, petróleo, fertilizantes ou gás natural.

A inflação também pode ser causada por uma forte procura dos consumidores. Foi o que aconteceu com os preços de produtos essenciais durante o confinamento. Para além de aumentar a pressão na procura, a pandemia também complicou a gestão das cadeias de produção, levando a que a inflação aumentasse tanto pela via da procura como da oferta.

A taxa de inflação na Zona Euro está a diminuir, mas a inflação subjacente está a recuar a um ritmo muito lento. O ponto mais alto desta métrica, que não considera preços mais instáveis, como energia e alimentos não processados, foi de 7,5% em março deste ano e ainda não reduziu nem mesmo um ponto percentual em relação ao máximo.

Quais as consequências da inflação?

A inflação é importante porque significa uma perda de poder de compra real ao longo do tempo. Se não for acompanhada por um aumento dos rendimentos, é equivalente a um corte salarial.

Pensa no dinheiro que tens na tua conta bancária ou em poupanças. Quando os preços sobem, já não consegues comprar tanto com esse montante. Para todos os efeitos, esse dinheiro perdeu valor.

Se és trabalhador por conta de outrem ou pensionista, estás entre os grupos mais vulneráveis à inflação 2023. Enquanto quem gere um negócio pode passar o aumento de custos aos clientes (até um limite), quem tem rendimentos fixos ou poupanças terá mais dificuldade em aumentar as receitas pessoais de forma proporcional.

Com os preços a aumentar, podes até sentir necessidade de cortar nas compras ou recorrer a investimentos mais arriscados para recuperar poder de compra. Situações limite que tornam o controlo da inflação uma das principais prioridades do Banco Central Europeu.

Sabe mais:

Qual a influência da inflação 2023 no crédito à habitação?

O mercado imobiliário tem sido especialmente afetado pelo cenário de inflação 2023. Os constrangimentos nas cadeias de produção e logística continuam a afetar os preços dos materiais e construção – da madeira e aço, aos pregos e rebites – e dos serviços relacionados, como a mão de obra e transporte.

Custos que, por sua vez, se repercutem para o consumidor e fazem subir o preço das casas, e dos créditos habitação. Com esta subida, também aumentaram as rendas dos alugueres, à medida que os possíveis compradores se viram sem capacidade financeira para comprar propriedades.

Quem adquiriu uma hipoteca de taxa fixa está mais protegido contra a inflação 2023. Nos empréstimos contraídos a taxa fixa, a taxa de juro do empréstimo mantém-se inalterada durante o prazo que tiver sido acordado com a instituição de crédito.

Durante esse período, a prestação mensal mantém-se sempre igual. Isto significa que se as taxas de juro de mercado, por exemplo a taxa de juro Euribor que é afetada pela inflação, continuar a subir, com taxa fixa não se altera.

No caso de quem tem taxa variável, no entanto, a prestação de um empréstimo está indexada à Euribor, o que significa que tem subido. A tendência tem sido a taxa mista, que num dado momento é estática, após os primeiros anos, é flexível. Desta forma, poderás aproveitar as vantagens (e os riscos) de ambos os tipos de taxas.


Susana Pedro
Susana Pedro
Content Writer